sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Como todos os textos argumentativos, este, em especial, tenta mover a mentalidade dos ouvintes para que estes defendam também a ideia que Martin Luther King tem acerca da discriminação. Martin Luther King tem como objectivo obter o maior número possível de apoiantes para que a sua ideia sobre a discriminação seja aceite.
Nos 1º e 2º parágrafos, Martin Luther king começa por nos falar sobre a realidade, sobre o que está a acontecer naquele momento, a identificar o problema que é a discriminação. Conclui o segundo parágrafo dizendo o que pretende alcançar com o seu discurso, neste caso, os direitos dos negros na sociedade. Esta é a fase retórica da inventio.
De modo a iluminar o povo que o escuta, a dar lhe esperança, Martin Luther King começa a captar o interesse de todos os seus ouvintes, apresentando o comentário: “Mas, cem anos volvidos, o Negro ainda não é livre”. Martin Luther King, neste 3º parágrafo, repete a expressão “cem anos”, que é uma forma de mostrar algo que considera muito importante, que considera que são os detalhes fundamentais de todo o discurso. Estamos a falar então do exordium.
Quero realçar também o 4º parágrafo, que demonstra um propositio narratio, no qual o narrador refere a diminuição de direitos cívicos dos negros, com o objectivo de realçar ainda mais esta discriminação entre os brancos e os negros, dizendo que os brancos têm tudo à sua mercê, ao contrário dos negros, como diz o texto: “Em vez de honrar essa obrigação sagrada, a América passou ao povo negro um cheque sem cobertura, um cheque em cujas costas está escrito «insuficiência de fundos». Mas nós recusamo-nos a acreditar que o banco tenha aberto falência. Recusamo-nos a acreditar que não haja fundos suficientes nos vastos cofres de oportunidade deste país”.
O parágrafo que mais me espantou foi, de facto, o ultimo parágrafo, da p.46, no momento em que o autor deixa de ler o discurso, pois lembrou-se, através da memorizatio, de algo que poderia usar de um outro texto argumentativo seu: neste caso, o seu texto argumentativo denominado “Eu tenho um sonho” (I have a dream). A partir deste argumento, a meu ver, os seus ouvintes prestam mais atenção ao que Martin Luther King diz, pois, agora é como se ele estivesse mais seguro de si, mais determinado, visto que não era a primeira vez que estava a usar o seu texto chamado “Eu tenho um sonho”. Neste momento, Martin Luther King está a transferir segurança ao seu povo, pois ele próprio tem segurança em si, passando a imagem de um por todos e todos por um, a imagem de que estão ali reunidos para o mesmo fim. No fim, conclui o que está a honrar: a América e toda a sua população, brancos e negros.
João Paiva

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