quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

As palavras do Cardeal Patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, geraram polémica e controvérsia. Disse que as mulheres cristãs devem pensar muito bem e mais que uma vez se forem casar com homens muçulmanos. Disse também que a opressão feita por esta cultura às mulheres é testemunhada por várias mulheres, ou seja, que já houve casos destes – casamentos entre mulheres cristãs e homens muçulmanos, que não correram bem. Pelo menos, segundo as suas palavras.
Em primeiro lugar, acho que todas as mulheres devem pensar duas vezes antes de casar, seja o noivo muçulmano, cristão ou de qualquer outra religião. O suposto do casamento é ser eterno, e ambos têm de ter a certeza do que estão a fazer e porque o estão a fazer.
Em relação às palavras do Cardeal, concordo apenas com o facto de se ter de pensar mais que uma vez quando as raparigas se vão casar. É verdade que alguns muçulmanos oprimem e subjugam as mulheres, mas não é a religião. No seu livro sagrado, o Corão, não está escrito que se deva oprimir as mulheres e tratá-las com desigualdade, muito pelo contrário.
O curioso no discurso do Cardeal Patriarca de Lisboa é o facto de não referir o caso contrário, ou seja, homens cristãos casarem com mulheres muçulmanas. A pergunta que impera é então: os homens não precisam de pensar quando vão casar? Pelas palavras do mesmo, parece que não.
Então, já é aceitável os homens cristãos casarem com mulheres muçulmanas porque na sua cultura as mulheres não têm poder nenhum sobre os homens?
São demasiadas perguntas. Perguntas cujas respostas não estão no discurso deste Cardeal.
É também feita uma generalização. Por certo, nem todos os homens muçulmanos são assim. O bem e o mal estão retratados em tudo, e de certeza que há homens muçulmanos que são bons e que nunca seriam capazes de oprimir as mulheres. Muito menos, oprimi-las pelo simples facto de serem mulheres.
Existe também uma discriminação. Está subjacente em todo este discurso. Basta reparar que o que o Cardeal está a dizer é simplesmente para as mulheres cristãs casarem com homens cristãos e para não se “misturarem” com outras religiões. Quase que dá a ideia que o Cardeal acha a sua religião melhor que a outra por causa disto e daquilo. Uma religião que tem tantos problemas como todas as outras.
Concluindo, acho que esta discriminação não devia ser feita por uma figura que está numa posição alta na hierarquia da Igreja – como a que foi feita pelo Papa quando disse que se deve salvar a Humanidade da Homossexualidade. Só alimenta os preconceitos e as discriminações já existentes. Aliás, ninguém devia discriminar os outros por serem diferentes. E se a mulher cristã e o homem muçulmano se casarem pelos motivos certos, não vejo qualquer problema nesse casamento. Nem neste nem noutro casamento em que as religiões não sejam iguais.

Ana Rita

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