O Cardeal deixou um conselho às jovens portuguesas que estão para casar para repensarem nos seus relacionamentos com muçulmanos.
Na minha opinião, tratou-se uma intervenção bastante infeliz por parte de alguém que exerce tamanha força na nossa sociedade. Quando são feitos, estes comentários não podem fazer transparecer a opinião pessoal, mas sim a da instituição a que se pertence.
O papel da Igreja não pode passar nunca por criar conflitos, discriminações ou qualquer outra coisa que possa ter passado pela cabeça das milhares de pessoas que tomaram conhecimento desta intervenção.
A realidade é que este conselho vai ser tomado à risca por muitas pessoas que acreditam e nunca poriam em questão uma única palavra vinda da Igreja. Alegações como as que o Cardeal fez, podem ser mal interpretadas e desencadear uma série de conflitos, pois, ao falar desta forma, misturaram-se assuntos complicados, como a Guerra de Religiões.
A verdade é conhecida e cada vez mais divulgada pelas próprias vítimas praticantes da religião muçulmana. Não é fácil muitas vezes viverem com regras tão dolorosas e rigorosas como as impostas pela religião muçulmana. As mulheres acabam por viver sob as ordens dos homens. É como se, a partir do momento em que a cerimónia se realiza, a mulher passasse a ser propriedade do homem.
Apesar de muitas das regras impostas não fazerem sequer parte dos direitos humanos, e de eu não concordar com as condições a que estas mulheres são submetidas somos obrigados a aceitar e acima de tudo a respeitar.
Quando uma mulher católica casa com um muçulmano e admite que lhe sejam impostas estas regras não tem direito de acusar ninguém, pois, a partir do momento em que fez esta união, comprometeu-se com a religião e com a sua nova família.
Mas não podemos rotular os muçulmanos dizendo que todos eles tratam mal as mulheres, não é correcto. Do mesmo modo, não é correcto afirmar-se que um homem, só porque é português, vai violentar a sua mulher. Não é pelo facto de a violência doméstica ter um valor menor que possa vir a ser generalizada em todas as casas de família.
Assim, não é a nacionalidade ou a religião que vão descrever a vida de uma pessoa, ou prever o seu futuro.
Mas, apesar de tudo, acredito que, apesar de infeliz a intervenção do Cardeal Patriarca, não foi de mau grado, porque, no fundo, penso que ele, ao dizer isto não impôs nada a ninguém. A sua intervenção foi um alerta, querendo chamar a atenção para os problemas com os dois sistemas de casamento e de tratamento que são muito diferentes, podendo provocar um choque cultural.
Mas reforço que o discurso não foi bem sucedido, até porque o Cardeal já conhece bem este meio e sabe que as suas palavras acabaram e acabarão por ser interpretadas de uma outra forma, atacando a Igreja católica, pois é a instituição que D.José Policarpo representa.
Mafalda Monteiro
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