quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

O Comportamento de Telmo na Cena IV do acto III,
de Frei Luís de Sousa

Ao longo da peça, Telmo Pais comporta-se sempre de uma forma leal para com D. Madalena e Manuel de Sousa, recordando com lealdade o seu antigo amo, D. João de Portugal.
Na cena IV do acto III, Telmo muda de atitude.
No início do seu discurso, o escudeiro mantém e relembra a lealdade de sempre para com D. João de Portugal, acreditando que um dia ele iria voltar da batalha de Alcácer-Quibir, de onde desaparecera 20 anos antes.
“Meu honrado amo, o filho do meu nobre senhor está vivo… o filho que eu criei nestes braços… vou saber novas certas dele – no fim de vinte anos de o julgarem todos perdido – e eu, eu que sempre esperei, que sempre suspirei pela sua vinda…”
No entanto, Telmo apercebe-se que era um milagre que ele esperava sem o crer. Telmo sente-se dividido entre a lealdade que tem para com D. João de Portugal e a afeição por Maria, pede mesmo a Deus que o leve. Toda a sua lealdade pertence agora a Maria “… é que o amor desta outra filha, desta última filha, é maior, e venceu… apagou o outro”.
Telmo, que ao longo de 20 anos tinha ansiado pelo regresso de D. João de Portugal, apercebeu-se de que não queria realmente a sua vinda, pois esta iria acrescentar ainda mais sofrimento a Maria. O regresso de D. João vai ser uma fatalidade para toda aquela família. Pede a Deus que o leve e que poupe a vida a Maria, dando-lhe mais algum tempo de vida.

João Figueiredo

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