Ao ouvir um choro distante, abro os olhos e levanto-me.
Dirijo-me para a cozinha e, ao abrir a porta deparei-me com a minha irmã, que quando deu pela minha entrada limpou rapidamente os olhos e baixou suavemente a cara. Agarrei a sua mão fria e trémula e perguntei-lhe, como se não soubesse, o que se passava.
O seu olhar bastou. Dei-lhe um abraço com toda a força que me restava e corri para o meu quarto. O sentimento de revolta era mais do que muito. Sempre pensei que as pessoas permaneciam comigo para sempre. Sentei-me no canto do quarto às escuras. Sabia que chorar não a ia trazer de volta, mas não conseguia parar de o fazer.
Queria ter dito muito mais do que disse, queria ter passado mais tempo do que aquele que realmente passei. Peguei no telefone, precisava de desabafar. Contei-lhe tudo e ela não sabia o que dizer, mas o que disse bastou. Disse-me aquilo que eu precisava de ouvir, “ela só morre quando tu deixares”. Esta frase marcou-me.
O que mais me custa é saber que por muito que a chame, por muito que lhe peça para ela voltar, ela não vai ouvir.
Por muito que me doa,são estes acontecimentos que me ajudam a crescer.
Catarina Correia, em 2007/08
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